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Blog do Maurício de Souza Lima

Baratas, mais comuns no calor, causam diarreias e crises de alergia

Maurício de Souza Lima

29/01/2020 04h00

Crédito: iStock

No verão, há uma quantidade maior de insetos e cruzar com um deles por aí acaba sendo bastante comum. Afinal, eles se reproduzem mais quando o termômetro se eleva. Só que alguns causam doenças, sim. Posso citar como exemplo o Aedes aegypti, o transmissor da dengue —e todo mundo já sabe o estrago que esse mosquito faz. No entanto, quero chamar a atenção para o seguinte: nessa estação, precisamos considerar na lista dos cuidados necessários com o calor tomar as devidas medidas para espantar as baratas. Sim, as baratas, insetos que tocam o terror e que são recebidos aos berros por gente de todas as idades. 

Nem as crianças, muitas vezes, escapam da sensação de nojo, provavelmente porque já viram algum adulto gritando diante de sua aparição e assimilam o asco dos mais velhos. Faz sentido. Se a gente parar pra pensar, o besouro —que não tem lá uma aparência muito menos repugnante — não provoca todo esse estardalhaço. Portanto, acho que o medo acontece pela associação que fazemos desses insetos, as baratas, a todo tipo de sujeira. Uma associação correta, sinto dizer. 

Ora, ninguém vê barata passeando entre flores, como se fosse uma abelha. Nem quieta em seu canto naquele vaso de planta de casa ou perto da janela que dá para o jardim, um bom lugar para alguém encontrar um besouro. Ela gosta mesmo é de passear por lugares repugnantes —pelo esgoto e pelo lixo.

Depois, se a barata que perambulou por esses locais tem a oportunidade de passar perto de algum alimento, claro que vai arrastar com suas patas toda a sujeira dos caminhos imundos por onde andou, deixando, feito pegadas, agentes infecciosos pela comida.

Muitas queixas de dor de barriga que as pessoas chegam a relacionar ao clima —sabe aquela história de "foi alguma coisa que eu comi", pensando ter consumido alimento estragado pelo calorão? — na verdade são consequência da contaminação provocada por baratas em alimentos que estariam em pleno prazo de validade e sem qualquer sinal de deterioração. Sim, a rápida passagem de uma barata nas proximidades de uma comida já pode causar uma bela diarreia. Por isso é tão importante deixar tudo fora do alcance desse e de outros insetos. A embalagem daquela inocente bolacha do lanche, por exemplo, precisa ficar muito bem fechada. Sem esse zelo, talvez a maionese seja acusada injustamente pelo intestino solto ou pelos vômitos.

E existem também casos de alergia à barata, mesmo depois de morta. Explico: seu corpo fica ressecado e, então, as patinhas se desafazem em partículas que acabam sendo levadas pelo ar. Elas provocam de espirros a coceira nos olhos, passando por crises de asma em pessoas mais suscetíveis. Há até testes para detectar se o que está causando a reação alérgica não seriam partículas oriundas de baratas mortas.

Acho que nem preciso dizer que o certo é manter todos os ambientes da casa extremamente limpos, os lixos muito bem tampados e os ralos protegidos com redes —baratas gostam de ambientes não só quentes, como úmidos. Vale fazer de tudo para evitar que esses insetos se tornem hóspedes indesejáveis no veraneio, causando toda sorte de mal-estar.

Sobre o autor

Maurício de Souza Lima é hebiatra, ou seja, um clí­nico geral especializado na saúde de adolescentes. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo, é autor do livro “Filhos Crescidos, Pais Enlouquecidos” (Editora Landscape), vencedor do Prêmio Jabuti em 2007.

Sobre o blog

Aqui, Maurí­cio de Souza Lima pretende abordar de maneira leve e objetiva todas as questões de saúde que podem preocupar ou despertar a curiosidade dos próprios adolescentes e dos seus pais. Aliás, prefere dizer que irá falar sobre a saúde da juventude, lembrando que oficialmente a adolescência começa aos 10 anos, mas em tempos modernos, na prática, pode se estender para bem mais de 21 anos.

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