É para vacinar: o HPV causa muito câncer de garganta em quem faz sexo oral

Crédito: iStock
Os dados são dos Centers for Disease Control and Prevention, o CDC, do governo americano: por lá, 85% dos adultos praticam regularmente sexo oral e 33% dos jovens entre 15 e 17 anos de idade. Não existem dados semelhantes brasileiros. Mas vamos imaginar que, por aqui, seja mais ou menos a mesma coisa e nos lembrar que o risco de uma doença sexualmente transmissível também é elevado com essa prática. Nesse contexto, o HPV se torna uma das ameaças mais comuns à garganta dos jovens — e esta é mais uma excelente razão para que meninos e meninas sejam vacinados, sem ninguém titubear.
Um dos subtipos desse vírus, o de número 16, contra o qual o imunizante protege, está tremendamente associado ao câncer de orofaringe — que, dizem os colegas oncologistas, vem aparecendo cada vez mais cedo, em adultos jovens. Ou seja, estamos falando de tumores malignos de boca e de pescoço, embora muita gente acabe relacionando o HPV apenas às verrugas genitais, que podem surgir no pênis, na vagina e no ânus. Mas, claro, vale eu sublinhar que o papilomavírus humano, que seria o nome completo desse agente infeccioso, está sabidamente envolvido com o câncer de útero e de pênis também. Só que, friso, não podemos nos esquecer dos casos em que ele nos ataca pela boca, se ela entra em contato com as secreções dos genitais de uma pessoa portadora desse vírus. Aí, essas secreções estarão carregadas de suas cópias.
Os sinais de uma infecção por HPV na garganta são diversos. O mais frequente é uma rouquidão que não passa, porque esse vírus gosta de se instalar nas cordas vocais. O indivíduo pode sentir uma leve dor para mastigar, um sinal que confunde — muitos pensam se tratar de um problema envolvendo aparelho nos dentes, por exemplo, principalmente quando o sintoma aparece em um adolescente.
Ou também acontece de surgir uma sensação de que o alimento fica grudando o tempo inteiro na boca — na verdade, ele pode aderir à superfície de lesões provocadas pelo HPV. Tem ainda quem experimente uma dormência na região oral e, para terminar, é preciso ficar atento a feridas que lembram aftas, mas que não ardem, nem desaparecem depois de mais de uma semana.
Vamos ficar ligados: qualquer um desses sinais, quando persistem, indicam que o adolescente merece visitar um otorrinolaringologista, o especialista capaz de examinar minuciosamente as cordas ou pregas vocais, como nós médicos chamamos essas estruturas, atrás de pistas que levantem a suspeita dessa infecção.
Claro, existem outras doenças que podem igualmente ser transmitidas pelo sexo oral, como a gonorreia e a clamídia. Mas o que me chama a atenção é que, no caso do HPV, há uma vacina oferecida aos adolescentes até mesmo pelo nosso SUS. Um imunizante que dará a liberdade para ele praticar sexo oral com maior segurança até na fase adulta.
Então, qual o sentido de marcar bobeira? A vacina é a única forma eficaz, ao meu ver, de evitar que o vírus faça da garganta a sua moradia e, adiante, abra o caminho para um câncer.
As outras medidas são muito pouco práticas, mas vamos lá: o certo, certo, certo (sempre!) seria alguém fazer sexo oral no garoto só quando ele estivesse usando camisinha. Ajuda, é para usar, mas… Mas, no caso do HPV, isso por si só não garante proteção completa. O vírus pode ficar à espreita até mesmo na base do pênis, onde o preservativo não alcança.
Já para alguém fazer sexo oral na garota, a solução, digamos, oficial seria cobrir a vagina com filme plástico, por exemplo. Além de atrapalhar completamente a sensibilidade dos genitais, esse é o tipo de recomendação que, na hora agá, acaba sendo dispensada, ainda mais pelos jovens. Ou seja, são saídas viáveis apenas em teoria. Já a vacina, não. Ela oferece uma ótima proteção e é fácil de encontrar no posto de saúde. Então, de longe, é uma decisão acertada dos adultos quando, sem tabus, mandam seus filhos tomá-la.
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