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Blog do Maurício de Souza Lima

Fimose: como saber se o garoto precisa fazer a operação?

Maurício de Souza Lima

29/08/2018 04h00

Crédito: iStock

A pele que recobre a extremidade do pênis, o prepúcio, não pode ser exagerada. Mas acontece: às vezes, ela esconde completamente a glande, a cabeça do órgão, e isso pode se traduzir em uma tremenda dificuldade de higienização. Só que, atenção, não sempre. Elasticidade pode contar mais do que o tamanho.

Em algumas religiões, como o judaísmo, essa prega cutânea é cortada quando o menino ainda é bebê, na cerimônia da circuncisão. O tempo foi mostrando que essa população tinha menos problemas de infecções no pênis. Por isso, na pediatria, há casos em que a  indicação de cirurgia para a remoção do prepúcio é feita logo nos primeiros anos. Mas muitos médicos preferem esperar. Porque, sim, muitas vezes o problema da pele volumosa se resolve sozinho.

Quando o adolescente entra na puberdade e o pênis junto com os testículos começam a crescer, essa pele se torna invariavelmente mais elástica e acaba expondo a glande. Portanto, não havia mesmo necessidade de uma cirurgia na infância.

Essa é a medida para indicar ou não uma operação de fimose, aquela que retira o excesso de pele: é muito importante que a glande possa ser exposta. Caso contrário, o menino não conseguirá lavá-la direito na hora do banho.

A limpeza deve ser feita diariamente, sem exceção, sempre com sabonete — não adianta só passar uma água na região. E tão importante quanto fazer isso é secar direito depois. Essa, aliás, é uma etapa para a qual muitos meninos não dão bola, só que, se ficar um pouco de água ali podem aparecer fungos, que sempre gostam de lugares quentes, úmidos e escuros. Ora, a glande pode reunir todas essas características e eles vão se instalar de boa. A infecção por fungos mais comum é a candidíase, que muita gente acha ser coisa só de moças. Engano.

Portanto, o médico, durante a consulta de um adolescente, precisa investigar se o rapaz está conseguindo, ao tomar banho, puxar a pele para fazer todo esse ritual de limpeza. Mesmo que o prepúcio ainda esteja recobrindo toda a cabeça do pênis, se é elástico o suficiente para o garoto conseguir puxá-lo, tudo bem. Esse não é um caso para cirurgia.

Mas existem jovens nos quais essa pele é tão, mas tão apertada, que eles podem até tentar puxá-la, mas ela não simplesmente vem. Não adianta insistir.  Isso faz com que junte uma secreção na cabeça do pênis, o esmegma, cujo cheiro é tão ruim que muitas vezes inibe o garoto para iniciar sua vida sexual. Aliás, frequentemente a queixa é até essa: vergonha do pênis por causa do odor que ele exala, que de fato costuma ser muito forte.

Aí, sim, é preciso operar a fimose na adolescência. A cirurgia resolverá essa questão e, principalmente, proporcionará todas as condições para uma limpeza adequada, capaz de afastar, além do mau cheiro, o risco de muita infecção por aí.

Sobre o autor

Maurício de Souza Lima é hebiatra, ou seja, um clí­nico geral especializado na saúde de adolescentes. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo, é autor do livro “Filhos Crescidos, Pais Enlouquecidos” (Editora Landscape), vencedor do Prêmio Jabuti em 2007.

Sobre o blog

Aqui, Maurí­cio de Souza Lima pretende abordar de maneira leve e objetiva todas as questões de saúde que podem preocupar ou despertar a curiosidade dos próprios adolescentes e dos seus pais. Aliás, prefere dizer que irá falar sobre a saúde da juventude, lembrando que oficialmente a adolescência começa aos 10 anos, mas em tempos modernos, na prática, pode se estender para bem mais de 21 anos.

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