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Blog do Maurício de Souza Lima

Ajude a aumentar a disposição do seu filho em tempos de Enem e vestibular

Maurício de Souza Lima

31/10/2018 04h00

Crédito: iStock

Para muitos adolescentes, o final de ano é sintoma de estresse no grau máximo. Paradoxalmente, por mais ansiosos que estejam, eles precisam render nos estudos mais do que nunca e focar naquilo que estão fazendo: eu me refiro ao tumultuado período que já começou, o do Enem e das provas de vestibular. Não é mesmo fácil.

Um componente extra, agravando aquela expectativa de sempre — será que vou passar ou não nos exames? — é que todos nós temos uma imagem de futuro para os próximos meses. Salvo se algo muito diferente acontecer, por exemplo, eu estarei aqui no meu consultório. Mas o jovem, nesta altura do ano, não faz a menor ideia se estará em um cursinho ou em uma faculdade e como serão esses ambientes. Acredite, por mais que pareça uma questão menor ou relativa, ela pesa também.

Os pais precisam encontrar a medida. Também não é fácil. Uns acabam pressionando demais, até com a melhor das intenções, querendo dar o seu incentivo por meio de frases como "eu sei que você vai passar." Isso só aumenta o peso da missão desses garotos.  Outros, até por causa do medo de causar muita pressão, se distanciam de toda essa história, o que é errado também. O ideal seria encontrar a justa medida, como perguntar sobre o calendário de provas, conversar sobre as diferenças entre elas, o que o filho pensa sobre o curso que escolheu, temas assim… O que chamo de justa medida é mais por aí do que ficar, em cima da hora, cobrando se ele estudou direito ou não. Ou optar pelo silêncio.

Algumas coisas podem ser feitas, no sentido de ajudar o vestibulando a ganhar mais disposição física e mental. A primeira delas é garantir um espaço confortável e silencioso para os estudos. Quanto mais ele conseguir focar nos textos e nos exercícios sossegado, menos ansioso ficará.

Desligar o celular é importantíssimo — embora muitos adolescentes sejam refratários a essa sugestão. Mas tente, quem sabe… Os estudos apontam que, mesmo aquela olhadinha de esguelha para a mensagem que acabou de aparecer na tela do aparelho, já é suficiente para quebrar a concentração.

No dia anterior ao de uma prova, o jantar deve fornecer energia, mas ser leve. Ou seja, a melhor sugestão de cardápio seria uma bela massa. E, para a prova, não dá para esquecer de levar um lanche. Muito importante ter ao alcance algo com açúcar e aí a velha dica do chocolate é mesmo ótima. Melhor ainda, na minha opinião, é carregar na mochila uma garrafa de isotônico. Hidratar-se é fundamental, porque, com qualquer quantidade a menos de líquido no organismo, a concentração cai também. O isotônico repõe esse líquido depressa e, ainda, fornece um açúcar de fácil absorção, a maltodextrina.

As oito horas de sono são ainda mais sagradas na véspera da prova. Sei, nem todos conseguem. Um conselho: mandar o adolescente fazer alguma atividade física no final da tarde ou no início da noite, desde que não seja extenuante. Se for leve, ela ajudará a espantar um pouco da ansiedade e a trazer o sono mais rápido. Tudo isso, junto, pode valer um ponto a mais no vestibular — e, a gente sabe, qualquer pontinho, ali, pode fazer toda a diferença.

Sobre o autor

Maurício de Souza Lima é hebiatra, ou seja, um clí­nico geral especializado na saúde de adolescentes. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo, é autor do livro “Filhos Crescidos, Pais Enlouquecidos” (Editora Landscape), vencedor do Prêmio Jabuti em 2007.

Sobre o blog

Aqui, Maurí­cio de Souza Lima pretende abordar de maneira leve e objetiva todas as questões de saúde que podem preocupar ou despertar a curiosidade dos próprios adolescentes e dos seus pais. Aliás, prefere dizer que irá falar sobre a saúde da juventude, lembrando que oficialmente a adolescência começa aos 10 anos, mas em tempos modernos, na prática, pode se estender para bem mais de 21 anos.

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