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Usar hormônio do crescimento para ganhar músculo na adolescência é perigoso

Maurício de Souza Lima

20/02/2019 04h00

Crédito: iStock

Secretado pela glândula pituitária que fica no cérebro, o hormônio do crescimento, ou simplesmente GH, tem um papel importantíssimo da cabeça aos pés: em qualquer idade, e não só quando a gente cresce, dá a ordem para todo tipo de célula se reproduzir, regenerando os tecidos do corpo. Especificamente na adolescência, até mesmo por ser o estopim hormonal da multiplicação celular, ele governa o aumento de estatura  —daí o nome — e pode, sim, favorecer o aparecimento da musculatura. Mas não é para ninguém bancar o musculoso espertinho: isso está longe de ser uma boa indicação. Ao contrário. É um perigo.

Infelizmente, o que mais vejo pela web é site recomendando o uso para essa finalidade de maneira bastante indiscriminada. Até alguns profissionais de saúde chegam a dar a dica do GH para o menino que quer ver uma recompensa ligeira para o seu esforço nos primeiros treinos de musculação, afoito para exibir bíceps, tríceps e companhia. 

Os ciclos de aplicações do hormônio do crescimento em injeções subcutâneas devem ser bem dosados e orientados por um médico —e mesmo assim há riscos. Pior, tem gente que consegue o hormônio sem qualquer prescrição em mãos.

Repor GH na adolescência, aliás, é sempre algo que exige uma indicação muito clara. Não é para qualquer um e, sim, para aqueles que notoriamente têm uma deficiência da substância — desde casos leves, que são os dos problemas de crescimento, até os mais severos, como aqueles de doenças raras que provocam deformidades no peito, falta de mineralização dos ossos e, no extremo, nanismo.

Usado em quem já tem uma produção normal, o GH não faz apenas os músculos crescerem —a mandíbula, o nariz, as mãos e os pés, em geral as extremidades do corpo, também podem se desenvolver de uma maneira visivelmente desproporcional. O rapaz fica, então, com uma aparência muito estranha.

Sem contar que tomar GH sem necessidade real nem orientação médica aumenta barbaramente o risco de diabetes na adolescência, hipertensão arterial e problemas do coração ainda na juventude. Em resumo: seu uso é altamente prejudicial para os jovens que desejam ganhar massa muscular. Fuja da roubada.

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Sobre o autor

Maurício de Souza Lima é hebiatra, ou seja, um clí­nico geral especializado na saúde de adolescentes. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo, é autor do livro “Filhos Crescidos, Pais Enlouquecidos” (Editora Landscape), vencedor do Prêmio Jabuti em 2007.

Sobre o blog

Aqui, Maurí­cio de Souza Lima pretende abordar de maneira leve e objetiva todas as questões de saúde que podem preocupar ou despertar a curiosidade dos próprios adolescentes e dos seus pais. Aliás, prefere dizer que irá falar sobre a saúde da juventude, lembrando que oficialmente a adolescência começa aos 10 anos, mas em tempos modernos, na prática, pode se estender para bem mais de 21 anos.

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