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O que a menina precisa saber para evitar corrimentos

Maurício de Souza Lima

12/09/2018 04h00

Crédito: iStock

A queixa de corrimentos é muito frequente entre as adolescentes, mesmo aquelas que nunca tiveram uma relação sexual. A primeira coisa é desfazer a confusão entre o que seria uma secreção patológica, envolvendo alguma infecção, e o corrimento fisiológico, que em princípio seria absolutamente normal. Em princípio…

É que algumas condições levam ao aumento desse corrimento fisiológico. Por exemplo, quando a garota veste uma calça mais justa de manhã, passa o dia inteiro sentada na sala de aula e só troca de roupa à noite. Nesse abafamento, a secreção fica mais intensa e isso, somado ao calor e à falta de luz, cria nessa região um ambiente propício para a proliferação de fungos e outros micro-organismos. Daí, o que era normal e fisiológico pode, sim, se tornar patológico.

Não só isso. Calcinhas de tecidos sintéticos também têm esse efeito. Sempre é mais indicado preferir as de algodão. Sem contar que, em algumas meninas, há uma sensibilidade ao pigmento usado na lingerie e, por isso mesmo, calcinhas brancas ajudariam a evitar o corrimento excessivo em tese.

Contam, ainda, o sabão usado na roupa íntima e, principalmente, o amaciante. Muitas vezes, a garota comenta que começou a ter muito corrimento e, quando peço para ela perguntar em casa, descobrimos que o início do problema coincide com o período em que a família trocou a marca dos produtos usados na máquina de lavar.

O papel higiênico também pode sensibilizar os genitais femininos que, em uma espécie de defesa, passa a produzir mais corrimento. Papéis higiênicos ásperos ou coloridos ou, ainda, com perfume, podem causar esse incômodo. 

Acima de tudo, mesmo que a menina não reclame do excesso de corrimento —e até mesmo para evitar infecções, como a candidíase — é importante que ela examine a anatomia da sua vagina, pegando um espelho e colocando-o entre as pernas para enxergar os pequenos lábios, os grandes lábios e toda a estrutura dos seus genitais. Assim, conhecendo o seu corpo, ela terá maiores condições de fazer uma higiene mais cuidadosa.  E isso é fundamental. Afinal, muda tudo. Muda até mesmo o pH da vagina, que se torna mais ácido quando a adolescente menstrua. Por isso, também é recomendável o uso de um sabonete íntimo, formulado para não interferir nesse pH.

Outra recomendação é, sempre que possível, ao chegar em casa depois de um bom período sentada na sala de aula, ela trocar a calcinha, especialmente se tiver corrimento, não deixando que ele se acumule no tecido e favoreça a proliferação dos micro-organismos. Assim como seria importante ela aproveitar esses momentos para usar saias ou calças e shorts mais largos.

Medidas simples como essas muitas vezes são o suficiente para o corrimento deixar de ser motivo de queixa. A tendência, com esses cuidados, é ele normalizar.

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Sobre o autor

Maurício de Souza Lima é hebiatra, ou seja, um clí­nico geral especializado na saúde de adolescentes. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo, é autor do livro “Filhos Crescidos, Pais Enlouquecidos” (Editora Landscape), vencedor do Prêmio Jabuti em 2007.

Sobre o blog

Aqui, Maurí­cio de Souza Lima pretende abordar de maneira leve e objetiva todas as questões de saúde que podem preocupar ou despertar a curiosidade dos próprios adolescentes e dos seus pais. Aliás, prefere dizer que irá falar sobre a saúde da juventude, lembrando que oficialmente a adolescência começa aos 10 anos, mas em tempos modernos, na prática, pode se estender para bem mais de 21 anos.

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