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O jeito certo de usar a pílula do dia seguinte

Maurício de Souza Lima

28/03/2018 04h00

Crédito: iStock

O nome que não pegou: anticoncepção de emergência. Ele seria o certo. Mas daí o que caiu na boca do povo foi o termo pílula do dia seguinte. Essa nomenclatura já soa errada ou contraditória, porque a tal pílula nunca foi pensada para ser usada 24 horas depois e, sim, no momento mais próximo possível da relação sexual que ofereceu o risco de uma gravidez indesejada.

O ideal seria a jovem —enfim, a dica vale para mulheres de todas as idades, mas precisamos orientar as meninas que iniciam sua vida sexual — ir até uma farmácia logo depois de ter transado sem os devidos cuidados. E, assim, engolir o remédio ligeiro, sem esperar o dia seguinte chegar. Será que essa pílula faz efeito no dia posterior? Faz, mas já não é o mesmo.

Aqui, preciso abrir os parênteses de sempre: se a garota está correndo o risco de engravidar, é sinal de que não usou nada para se proteger na hora H e, portanto, corre igualmente o risco de ter contraído uma infecção sexualmente transmissível, que só seria barrada com o uso do preservativo. No dia seguinte, vale a pena se preocupar com essa ameaça também.

Sobre a pílula usada na contracepção de emergência, precisa ficar bem claro que ela não é abortiva. Nunca foi —ou nem teria sido aprovada no Brasil, onde o aborto é proibido. Ou seja, não acaba com o óvulo que já foi fecundado. O que ela faz é impedir a fecundação por vários mecanismos. O principal deles é tornar o ambiente hostil para os espermatozoides.

Outra coisa que precisa ficar muito bem esclarecida: a eficácia dessa pílula vai diminuindo conforme a frequência com a qual a pessoa a toma. Não é para ser um método anticoncepcional rotineiro, porque o organismo feminino, então, começa a se acostumar com a droga, criando uma espécie de tolerância. Daí que, desavisadas, muitas adolescentes que tomam o remédio três, quatro, cinco vezes por ano ou até mais do que isso podem ver essa saída falhar. E engravidam.

Algumas garotas sentem enjoo e chegam até a vomitar depois que engolem o medicamento, mas  esse efeito adverso não é tão comum assim. Aliás, há um mito de que a pílula de dia seguinte seria uma espécie de bomba hormonal, fazendo muito mal ao corpo da adolescente. Não é verdade. É claro que existem pessoas que são mais sensíveis a alguns medicamentos —e isso não vale só para esse caso. No geral, garanto, a contracepção de emergência é segura. E eficaz, desde que o comprimido seja engolido da maneira correta: de preferência, nas primeiríssimas horas após a relação sexual e como alternativa para evitar a gravidez em episódios muito isolados, emergenciais mesmo.

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Sobre o autor

Maurício de Souza Lima é hebiatra, ou seja, um clí­nico geral especializado na saúde de adolescentes. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo, é autor do livro “Filhos Crescidos, Pais Enlouquecidos” (Editora Landscape), vencedor do Prêmio Jabuti em 2007.

Sobre o blog

Aqui, Maurí­cio de Souza Lima pretende abordar de maneira leve e objetiva todas as questões de saúde que podem preocupar ou despertar a curiosidade dos próprios adolescentes e dos seus pais. Aliás, prefere dizer que irá falar sobre a saúde da juventude, lembrando que oficialmente a adolescência começa aos 10 anos, mas em tempos modernos, na prática, pode se estender para bem mais de 21 anos.

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