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Blog do Maurício de Souza Lima

A hora de o adolescente tomar a vacina de gripe é agora!

Maurício de Souza Lima

05/06/2019 04h00

Crédito: iStock

Na verdade, para todos nós a hora é esta, dando o recado para quem ainda não se vacinou, independentemente da idade para começo de conversa. Este é o momento certo porque devemos lembrar que o imunizante demora de duas a três semanas para fazer total efeito, produzindo os anticorpos necessários para barrar as formas mais graves do vírus da gripe. E uma delas, para a qual a vacina oferece proteção, é a do H1N1 que, parece, neste ano vem forte. 

É importante, portanto, estar com as defesas bem preparadas quando o inverno começar para valer no final deste mês, sem marcar bobeira. Outro motivo para não perder tempo e ir atrás da vacinação é que ela, a partir desta semana, ficou disponível para todos os interessados nos postos de saúde. É uma oportunidade para os adolescentes, que não são considerados grupos de risco e que, por isso, não tinham direito à vacina gratuita na primeira fase da campanha, se o investimento era uma barreira para as famílias.

Vale a gente refletir um pouco sobre essa história de o adolescente não ser grupo de risco. Primeiro, vamos pensar nas formas de contaminação e uma das principais é compartilhar objetos e fluidos corporais. Ora, adolescente vive dividindo coisas de boa — é a garrafa de água, é a caneta que o colega estava mordendo e deixando o vírus influenza da gripe na superfície, é o lanche… Sem contar os beijos e os amassos. E, infelizmente no caso, muitas vezes ainda temos os cigarros, eletrônicos ou não.

Quando pensamos em ambientes fechados, onde o vírus circula com maior facilidade,  temos de pensar as horas em que os jovens ficam nas salas de aula, na perua escolar e no transporte público também. Sim, eles passam períodos longos em ambientes com muita gente e fechados.

Outra coisa é o descuido com cuidados básicos de higiene — e, nesse ponto, os pais podem reforçar algumas recomendações, embora seja mais difícil que colem nessa idade, quando eles se sentem crescidos demais para ouvi-las… Lavar as mãos é a número 1. Esse hábito deveria ter uma frequência maior por esses dias mais frios. Se o menino espirra e, até por educação, coloca a mão na frente da boca,  por exemplo, ela já se torna um depósito de milhares de vírus influenza que migrarão para a mão do colega assim que eles se encontrarem e darem aquele high five ou toca aqui. Então, bastará que esse outro garoto roa as unhas, coce os olhos… Pronto, os vírus já encontram abrigo em mais um organismo. A gripe é perigosa até porque sua transmissão é simples assim.

Os sintomas são febre, dor por todo o corpo, inapetência… Os quadros graves, porém, abrem a brecha para doenças mais sérias, como a pneumonia e exacerbar complicações de outras doenças, como a asma. A questão é que a  gente associa a adolescência a uma fase em que o organismo está com todo o vigor, pronto para afastar esses perrengues. Mas eu questiono: será mesmo?

Basta a gente dar uma olhada na lista de atitudes que reforçam as defesas para colocar essa crença em dúvida: comer bem e em horários adequados, dormir direito, ter uma vida mais equilibrada e sem os sobressaltos do estresse constante. Seu filho cumpre esse checking-list? Pois é, por mais que ele seja forte, até pela idade — o que é fato —, por outro lado o dia a dia da adolescência moderna não facilita e provoca toda essa resistência física.

Há mais um último motivo para a garotada procurar a imunização: blindar quem está ao seu redor. Se o jovem convive com pessoas de maior vulnerabilidade a infecções, é importante que ele não fique gripado aumentando a exposição  desses indivíduos e o risco de contraírem o influenza. Ou seja, o adolescente que se vacina está indiretamente protegendo os seus avós, os bebês da família, aquele tio que está enfrentando um câncer ou aquela tia que tem uma cardiopatia. Não levar o vírus para casa depois de uma balada ou na volta da escola é uma boa medida de cautela para proteger quem está por perto. É uma questão de responsabilidade — lição que a vacina dá de efeito colateral. Portanto, repito: a hora de se vacinar contra a gripe é mesmo esta.

Sobre o autor

Maurício de Souza Lima é hebiatra, ou seja, um clí­nico geral especializado na saúde de adolescentes. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo, é autor do livro “Filhos Crescidos, Pais Enlouquecidos” (Editora Landscape), vencedor do Prêmio Jabuti em 2007.

Sobre o blog

Aqui, Maurí­cio de Souza Lima pretende abordar de maneira leve e objetiva todas as questões de saúde que podem preocupar ou despertar a curiosidade dos próprios adolescentes e dos seus pais. Aliás, prefere dizer que irá falar sobre a saúde da juventude, lembrando que oficialmente a adolescência começa aos 10 anos, mas em tempos modernos, na prática, pode se estender para bem mais de 21 anos.

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