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Blog do Maurício de Souza Lima

Tem problema tomar whey protein na adolescência? 

Maurício de Souza Lima

10/10/2018 04h00

Crédito: iStock

As meninas atrás de um corpo definido e, principalmente, os meninos querendo exibir mais músculos, quando começam a frequentar uma academia logo ficam com aquela fantasia de que, se consumirem suplementos proteicos, terão um melhor resultado. E, aí, o queridinho é o whey proteinproteína do soro do leite.

Muita gente me pergunta se esse tipo de suplementação não faria mal durante a adolescência. E a resposta, tranquilizadora, é não. Claro que estou partindo do princípio de que esse garoto está tomando uma única porção por dia, na quantidade recomendada na embalagem, nada a mais. Aí, o consumo é seguro. A grande questão é outra: faz efeito?

Primeiro, embora possa soar óbvio, bom deixar claro que o whey protein por si só não é garantia de desenvolver a musculatura. Sem o estímulo do exercício, a proteína não será usada para construir fibras musculares e vai ser utilizada pelo organismos para várias outras funções. Bom mencionar esse ponto, porque muito garoto —assim como lamentavelmente gente de qualquer idade — inicia a academia e, depois, fica com preguiça de ir com regularidade. Mas continua, esperançoso, tomando sua proteína dia após dia.

O segundo ponto é que um programa de exercícios adequado para a fase de adolescência nunca deve ser extremamente pesado. E, portanto, a necessidade de proteína gerada pelos treinos costuma ser atendida por uma alimentação normal. Daí que o suplemento, na maioria dos casos, não faz muito sentido.

No entanto, veja que curioso: observo que existe um efeito placebo muitas vezes. Isso mesmo, o menino que passa a tomar whey quando começa a treinar se sente mais estimulado. Não sei se a própria suplementação se torna um lembrete do compromisso de ir à academia. Tirando esse efeito psicológico, aqueles potes gigantes, desde que o jovem se alimente direito, são dinheiro jogado fora na adolescência –e também em outras fases da vida.

O medo —repito, se o whey protein é ingerido na dosagem adequada — de sobrecarregar rins ou fígado não faz sentido. O que pode acontecer com os garotos mais sensíveis é estourar uma espinha atrás de outra  no rosto e no corpo. Muitos não associam o problema de pele ao fato de tomar whey. Mas, quando ficam sabendo, frequentemente desistem da suplementação.

Àqueles que não tomam whey protein, mas que buscam consumir, por exemplo, mais ovos porque ouviram dizer que isso aumentará o bíceps, aqui vai o meu aviso clássico: nada em exagero faz bem. E suplemento ou ajuste na alimentação para turbinar o treino é algo que merece o olhar de um médico do esporte ou de um nutricionista especializado nessa área para não transformar o empenho na atividade física em algo negativo para o seu desenvolvimento e para a saúde como um todo.

Sobre o autor

Maurício de Souza Lima é hebiatra, ou seja, um clí­nico geral especializado na saúde de adolescentes. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo, é autor do livro “Filhos Crescidos, Pais Enlouquecidos” (Editora Landscape), vencedor do Prêmio Jabuti em 2007.

Sobre o blog

Aqui, Maurí­cio de Souza Lima pretende abordar de maneira leve e objetiva todas as questões de saúde que podem preocupar ou despertar a curiosidade dos próprios adolescentes e dos seus pais. Aliás, prefere dizer que irá falar sobre a saúde da juventude, lembrando que oficialmente a adolescência começa aos 10 anos, mas em tempos modernos, na prática, pode se estender para bem mais de 21 anos.

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