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Blog do Maurício de Souza Lima

Não vale se preocupar com o tamanho: o pênis dos meninos cresce em etapas

Maurício de Souza Lima

20/06/2018 04h00

Crédito: iStock

A preocupação não demora a surgir na cabeça do garoto: será que o meu pênis é pequeno demais? Trata-se de uma encucação antiga, que muitas vezes atormenta homens feitos. Só que agora, talvez pela facilidade maior que os jovens têm para acessar filmes pela internet, ela vem surgindo mais cedo. Até porque os meninos comparam o próprio corpo com o dos atores bem dotados dos vídeos pornôs, achando que nunca chegarão lá. E talvez não cheguem mesmo, qual o problema?

Mesmo que não façam esse tipo de comparação, a dúvida em relação ao tamanho pode aparecer por total desconhecimento de como seu corpo se desenvolve. Afinal, os primeiros a crescer são os testículos e isso acontece por volta dos 12 anos na maioria dos rapazes — lembrando que, em matéria de puberdade, existem aqueles que são maturadores tardios, ou seja, que só verão o volume dos testículos aumentar um pouco mais tarde, e garotos que, ao contrário, são o que chamamos de maturadores adiantados e enxergam esse sinal da mudança quando ainda são mais novos.

Os testículos graúdos ficam desproporcionais ao pênis, que continua com o mesmo tamanho da infância. Daí a que a primeira impressão pode não ser lá muito promissora. Aliás, vale eu aproveitar para dar o recado: o tamanho desse órgão na infância não é indicador de suas medidas na idade adulta. Pode parecer pequeno na mais tenra idade e surpreender depois. Pode parecer grande e surpreender também, ficando menor do que a expectativa. O que governa o seu crescimento são os hormônios que só entram em cena na puberdade.

Em uma segunda fase, o pênis estica, aumenta em comprimento. E isso se dá em torno dos 14 anos — de novo, é uma média. Mas a preocupação continua: para uns, fica ele parecerá fino e esquisito. É que só em uma etapa posterior, por volta dos 15 anos, ele aumentará em largura e ficará com suas proporções finais.

Vale bater na tecla que comparações são sempre ruins. Primeiro, um pênis ereto com cerca de 10 centímetros de comprimento já consegue cumprir o seu papel reprodutivo, que é o de lançar os espermatozoides no fundo do útero  para aumentar as possibilidades de uma fecundação. E, em termos de prazer, o tamanho realmente nunca é documento. Uma relação sexual satisfatória dependerá de inúmeros outros fatores que os meninos, como aconteceu com todos nós, devem aprender com o tempo.

O tempo talvez  ainda ensine a alguns que um pênis grande demais, em vez de vantagem, pode representar um problema, resultando em dor em quem o acompanha no ato sexual. Ah, e não adianta se empolgar com promessas que a gente vê a todo instante por aí, como a de equipamentos que lembram bombinhas e que, por meio de sucção, prometem um crescimento peniano fantástico. Bobagem descarada! Não fazem efeito e podem até machucar.

Repito: o que vai determinar o crescimento peniano é a ação dos hormônios sexuais que passam a vigorar na puberdade e, claro, é para se considerar a bagagem genética também. Meninos tendem a alcançar um tamanho de pênis similar ao do pai e ao dos avós.

Noto que alguns garotos, por desconhecerem as etapas desse crescimento, evitam até tirar a roupa em vestiários, temendo fazer feio perto de colegas cujos membros parecem mais avantajados— quando, na realidade, cada um se desenvolve em um ritmo e isso precisa ficar claro. Pior no caso dos jovens obesos. É que neles, uma camada de gordura na região pubiana tende a esconder um pênis que pode estar crescendo normalmente, mas que fica embutido. Se o garoto muito acima do peso emagrecer,  seu pênis logo exibirá seu verdadeiro tamanho.

Sobre o autor

Maurício de Souza Lima é hebiatra, ou seja, um clí­nico geral especializado na saúde de adolescentes. Doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo, é autor do livro “Filhos Crescidos, Pais Enlouquecidos” (Editora Landscape), vencedor do Prêmio Jabuti em 2007.

Sobre o blog

Aqui, Maurí­cio de Souza Lima pretende abordar de maneira leve e objetiva todas as questões de saúde que podem preocupar ou despertar a curiosidade dos próprios adolescentes e dos seus pais. Aliás, prefere dizer que irá falar sobre a saúde da juventude, lembrando que oficialmente a adolescência começa aos 10 anos, mas em tempos modernos, na prática, pode se estender para bem mais de 21 anos.

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