Até que ponto nudes e afins deixam jovem com cara de adolescente mais cedo?

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As pessoas costumam usar os termos adolescência e puberdade como se fossem sinônimos. Não são. Puberdade são as transformações físicas do corpo infantil para o corpo adulto. Estou falando do crescimento das mamas e da primeira menstruação nas meninas e também da mudança da voz e do aparecimento da barba nos meninos, entre outras metamorfoses. Isso tudo é puberdade.

Antes, primeiro o jovem entrava na adolescência, que começa aos 10 anos, e só depois todas essas mudanças davam as caras. Hoje isso está ficando diferente.

Para você ter ideia, a primeira alteração que a menina pode observar no espelho é o surgimento do broto mamário e ele acontece, em média, dois anos antes da primeira menstruação. Ou seja, as meninas costumam ficar com o broto das mamas protuberante aos dez anos, marcando a camiseta da escola. E, por isso, provavelmente menstruarão pela primeira vez aos 12, que é a média de idade no Brasil.

Tudo bem menstruar aos dez ou aos 14

Não quer dizer que a garota que só experiencia a menarca –nome que nós, médicos, damos a essa primeira menstruação– aos 14 tem algo de errado. Nada disso. Ela apenas entrou na puberdade um pouco mais tardiamente. Assim como hoje a gente considera normal uma menina que menstrua aos dez. Aliás, isso acontece com cada vez mais frequência.

Ah, preciso dizer que as meninas entram na puberdade antes que os meninos. Que, aliás, também tendem a demorar um tanto mais para amadurecer do ponto de vista emocional.

Nos garotos, o que marca a entrada na puberdade é o crescimento dos testículos. E aí vem, muitas vezes, uma angústia: o tamanho do pênis. Bem, como o pênis só se desenvolverá em uma etapa adiante, realmente fica parecendo desproporcional e pequeno nos primeiros tempos de puberdade. Mas calma…

O fato é que todas essa transformações acontecem cada vez mais precocemente. Em princípio, essa antecipação parece natural. Note que, em 1840, as meninas menstruavam, em média, aos 17 anos. E agora já falamos que isso costuma acontecer aos 12 anos. Por que cada vez mais cedo? Talvez esteja se perguntando isso.

Avanços na saúde anteciparam a puberdade

Para começo de conversa, por causa do avanço na área da saúde. A vacina, por exemplo, tem o seu papel nessa história. As crianças adoecem menos e, com isso, é como se o corpo tivesse todas as condições para tornar adulto mais rápido.

Também não se pode deixar de lado a alimentação. Quando havia maior incidência de desnutrição no país, ela atrapalhava um bocado. Aliás, as pessoas falam muito em hormônios, achando que são eles, sozinhos, os responsáveis pela antecipação dessa verdadeira metamorfose. Na realidade, além da questão genética –filhos, em geral, entram na puberdade em uma idade parecida com a dos pais–, o que é servido à mesa também conta. Melhor, o teor proteico da alimentação pode fazer bastante diferença. Se for o suficiente ao longo da infância, o organismo ficará pronto para amadurecer mais ligeiramente.

Um novo fenômeno que antecipa as mudanças

No entanto, existe, sim, um fenômeno novo. E ele não tem tanto a ver com o corpo estar ou não estar pronto para mudar. A meninada vive exposta a uma série de estímulos externos. Fala de sexo mais cedo, vê nudes na web quase como brincadeira infantil. O hipotálamo, porém, leva isso a sério. É o que mostram alguns estudos.

No meio do cérebro, essa região do sistema nervoso é como o despertador da puberdade. Uma vez que recebe estímulos externos que seriam mais adequados para um corpo e uma mente, digamos, mais adultos, o hipotálamo decide que a hora é aquela e dispara toda a transformação. E, daí, a menina de apenas 8 anos pode se ver com o broto mamário saltado. O menino, também antes do tempo, pode ficar com os testículos crescidos.

Não estou dizendo para o adulto bloquear o acesso à internet, nem pense nisso. Seria uma medida praticamente inútil nos dias atuais. Mas é preciso ficar atento. E, acima de tudo, lembrar que uma menina de 8 anos, mesmo que já tenha sinais de peitinho, ainda é apenas uma menina, a dois anos de distância de uma adolescência. E que ela deve, apesar das aparências, ser tratada como criança em casa e na vida.